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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

10.4.11

Acabou a festa, pá!



Na procissão do senhor, em Matosinhos, foi tudo música celestial. Agora é " PS mais o FMI", há menos de uma semana, o "eu não estou disponível para governar com o FMI". 


Ninguém quis ver, ouvir ou ler que, em menos de meio século, fomos, mais uma vez, arrastados, como na guerra e na descolonização, de metrópole e "bom aluno", a um Portugal-Colónia a pedir que nos ordenem de fora. 


Enquanto isto, 47 notáveis dos sucessivos situacionismos manifestavam-se numa espécie de golpe do abaixo-assinado, com Cavaco a tentar exportar a imaginação dos tapetes de Arraiolos para Budapeste. 


Mas o comissário do vazio de Europa, Olli Rehn, utilizou, com toda a previsibilidade, a brutal linguagem do ultimatum. Afinal, os catastrofistas e profetas da desgraça eram bem mais suaves do que os cortes a que fomos condenados, piores que os da ditadura das Finanças de 1928. 


Por outras palavras, acabou o federalismo sem dor e os palermas da vacina serão apenas súbditos de uma unilateral governação económica da Europa. Acabou a festa, pá! A agit-prop já inventou outra história, alterando o vilão e o enredo.


No DN de hoje