a Sobre o tempo que passa: Pelo regresso de uma Europa sem medo, tomo partido!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

20.3.11

Pelo regresso de uma Europa sem medo, tomo partido!


Enquanto, o sobressalto líbio nos faz repensar a Europa, cá no quintal, apenas guerras de Alecrim e Manjerona, análises macro-económicas e quase total ausência de política, como se a nacional pudesse abstrair-se da internacional e como se esta se reduzisse ao FMI. Os dados começam a ser lançados para o "new deal" e continuam muitos a julgar que basta sermos caixeiros à procura da tenda dos milagres.


Alteremos o paradigma: nem Fukuyama, nem Huntington. Basta um olhar europeu: nem optimismo universalista, nem pessimismo relativista. Basta voar em armilar.


A Europa não pode ser comandada por delegados de propaganda da banha da cobra e por caixeiros viajantes ao serviço do poder bancoburocrático. A Europa só pode ser política se tiver uma política internacional e não apenas o calculismo dos politiqueiros que não querem arriscar alianças civilizacionais


Em Portugal, há apenas tradução de telegramas e resportagens de guerra a partir do sofá. Não há editoriais. Nem um único esboço de opinião vinda de movimentos da sociedade civil. Estamos entalados entre o discurso de Jerónimo sobre os belicistas e a sociedade civil que foi à Reitoria da Universidade de Lisboa bater palmas ao tirano.


Não tenho dúvidas: estou com a acção militar da coligação internacional, legitimada pela ONU. Esta é a minha Europa. Obrigado, França e Reino Unido. A justiça deve ter força. Há pontos de não-regresso. Como não houve em Berlim (1953), Budapeste (1956), Praga (1968), Polónia (1981), ou Serajevo (1992).


Já chega de cedências à chamada história dos vencedores, onde tem razão quem vence, mesmo que o soberano seja aquele que decide em estado de excepção, como subscrevem os schmittianos que nos ocuparam as entranhas da razão de Estado, não deixando que o Estado volte a ser semente de Estado-razão. Continuo em resistência, em nome da esperança dos desesperados.