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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

16.3.11

Après moi, la fin du moi(s), ou Après moi, le déluge, porque L'État c'est moi





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‎"Après moi, la fin du moi (s)", ou a nova variante do "Après moi, le déluge", porque "L'État c'est moi", porque "peça de teatro é eleições" e porque vale mais o monólogo da "comunicação directa aos portugueses", em entrevista, conferência de imprensa ou nota oficiosa.


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Vantagens da concorrência hacktivista: demorou dois dias a desbloquear o iPad2... Só não há suficientes piratas para que se dinamizem outros "softwares", escravos do "hardware" do mais do mesmo. Os que vivem em autoclausura reprodutiva, com cadáveres adiados que se procriam em semântica...


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O secretário de Estado do Tesouro e Finanças avisou que se houver uma crise política o financiamento de Portugal nos mercados estará em risco. Cavaco Silva já dizia o mesmo se houvesse segunda volta das presidenciais.


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Não foi numa transcrição do Plano Inclinado que li isto: "O primeiro-ministro... cometeu erros graves: não tem informado, pedagogicamente, os portugueses, quanto às medidas tomadas e à situação real do País. Nos últimos dias, negociou o PEC IV sem informar o Presidente da República, o Parlamento e os Parceiros Sociais. Foram esquecimentos imperdoáveis ou actos inúteis, que irão custar-lhe caro."


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Primeira avaliação depois do acordo com os camionistas: Moody's reage ao A4 e passa avaliação do A1 para o A3.


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Primeiro equívoco desfeito: ele não apresentou PEC nenhum, telefonou directamente ao PSD na noite anterior, comunicando directamente aos portugueses o aprofundamento das medidas que já tomou, assim antecipando o facto consumado do compromisso e estamos totalmente disponível para negociar.


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Segundo equívoco desfeito: o presidente deve ser isento, o seu discurso nunca deve ser instrumentalizado por ninguém, tem que avaliar a crise internacional e que "faça aquilo que deve fazer com os poderes que tem".



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Terceiro equívoco desfeito: compreende os sentimentos daquela gente que fez uma manifestação pacífica e ordeira, partilhando a angústia e a frustração e reconheço a esperança num futuro melhor.


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Quarto equívoco desfeito: esta crise não foram os Estados que a fizeram, foram os mercados, mas eu estou a tomar medidas para evitar a desconfiança dos mercados e financiarmos o nosso Estado social.


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Quinto equívoco desfeito: sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política, sou contra a crise política.


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Sexto equívoco desfeito: defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país, defendo o meu país.


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Sétimo equívoco desfeito: não estou agarrado ao poder, mas vou recandidatar-me.


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Oitavo equívoco desfeito: se a Assembleia da República votar contra o PEC, não é preciso votar a favor, há crise, há intervenção externa, chega o dilúvio. Por outras palavras, já há. Se o PSD continuar a dizer o que ouvi, o que nem sequer vai "viabilizar".


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Nono equívoco desfeito: o equívoco não se desfaz com o seu sinónimo, seja o ambíguo, o erro, a confusão, a interpretação errada, o mal-entendido, o sofisma, o trocadilho, isto é, o que suscita várias interpretações contraditórias, ou dúvidas (obrigado, Ciberdúvidas).


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Décimo equívoco desfeito: a telenovela é apenas um sucedâneo de teatro. Pedimos desculpa por esta interrupção, o programa, afinal, não segue dentro de momentos, apesar de termos chegado a acordo com os camionistas. Ainda falta decidir o TGV. Vou mudar de canal para o Espírito Indomável, antes do Mar de Paixão.