a Sobre o tempo que passa: Mubaraka e a história da Pedra do Reino, para sebastianista arquivar

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.1.11

Mubaraka e a história da Pedra do Reino, para sebastianista arquivar


1
Mubarak faz subir a tropa e os espiões. Tapa cobertura da Al-Jazira e, cortando o pio aos terceiristas, mais liberais, deixa o controlo da contestação aos ditos irmãos muçulmanos. Lá caminha, de vitória em vitória, para a derrota final. A teoria dos autoritarismos modernizantes de certas democra-CIAS já não é o que era.


2
Um dia, o filme será rebobinado no Canal História, reproduzindo-se parcelas do programa Sociedade das Nações, com muitas dissertações de mestrado sobre o Tutankamon... Vale-nos que o Manel José os vai continuar a treinar...



3
Daí, o meu comentário às mubaracas "sound system", através deste videoE faltava quase uma década para eu nascer...Se calhar nasci mesmo por causa desta canção da geração do "babyboom"... Por isso a amo como se ela fosse a minha mãe.



4
Nada mais excitante do que assistirmos a revoluções exóticas, assim sentados no sofá, nos intervalos do Goucha e da Júlia Pinheiro. Pedimos desculpa por estas interrupções, a incerteza vai continuar dentro de momentos.


5
Os Irmãos Muçulmanos talvez não se recordem que foi o nosso D. João I quem começou a vingar-se de Tárique, com a conquista de Ceuta em 1415. Mas também fomos os primeiros a fazer a descolonização, quando abandonámos Mazagão e instalámos a cidade na Amazónia.


6
E além das Colunas de Hércules, lavámos as mãos, bem antes de Napoleão e da leitura dos hieróglifos, com as pirâmides ao fundo. Nem sequer temos o trauma das tropas mouras do generalíssimo, contra a República Espanhola.


7
E não é por acaso que os marroquinos têm a lenda da portuguesa encantada. Agradecem a Álcacer-Quibir com que mitificam a respectiva independência e quase nos admiram como ocupantes de antanho, como nós fazemos aos romanos.


8
Por isso é que também me encanta a Casablanca de Bogart. Não nos mixordámos com as intervenções europeias dos séculos XIX e XX, quando nenhum dos ocupantes ainda tinha lido Samuel Huntington.


9
Apenas me recordo do frustrado desembarque de tropas franco-britânicas em Alexandria, tentando inverter a nacionalização do Canal de Suez, levada a cabo por Nasser e pelo partido que continua no poder no Cairo...Foi a última tentativa de política externa global do projecto europeu, logo travada por soviéticos e norte-americanos...


10
Por lá tudo o que é de pedra e antigo é português, enquanto nós temos as mouras encantadas e dizemos que tudo quanto é de pedra vem dos romanos...mas até ao rio de Conimbriga, chamamos Rio dos Mouros...


11
Toynbee chegou a falar da era gâmica da história. E nada tinha a ver com o símbolo que outros gamaram... o que veio da Índia e foi para a Índia. De qualquer maneira, 1415 é um marco na viragem que ainda hoje continua viagem.


12
D. Sebastião também perdeu a batalha porque os serviços de informações não lhe relataram que, por trás dos marroquinos que venceram o confronto, estavam huguenotes franceses e seus aliados britânicos, os que mais beneficiaram com a não restauração do "mare nostrum". Filipe II, entre outras coisas, rei de Espanha, até nem se portou mal de todo para com o sobrinho.


E na Grande Armada, bem vencível, lá se afundou também a nossa esquadra...


Era subcomandada por um qualquer almirante barrosão...o do porreiro, pá, a ajuda já aí vem...