a Sobre o tempo que passa: Entre ausentes-presentes e presentes-ausentes, com baboselas e vuvuzelas

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

24.5.10

Entre ausentes-presentes e presentes-ausentes, com baboselas e vuvuzelas


Confisco, bancarrota, violência, extorsão, situação explosiva, são palavras agora usadas por políticos e banqueiros, para que haja, estabilidade, governabilidade, reeleição, mas desde que as crianças não sofram na sua alimentação com os pais desempregados. Vale-nos que Mourinho é bicampeão, enquanto Ronaldo lá veio do além, em helicóptero, mas não salvou os que se afogaram, porque ainda não chegámos à época balnear nem à dos incêndios, onde não convém que voltemos a ser gregos.

Acordo com o enlatado das novas de fim-se-semana e noto Jerónimo de piroscoice, misturando os velhos ideais do materialismo dialéctico com provérbios de plebeísmos estrategicamente escolhidos pelo chamado centralismo democrático do colectivo dos revolucionários profissionais. Intelectuais orgânicos, precisam-se, na Soeiro Pereira Gomes!

Já Professor Louçã manda piada de mau-gosto sobre a descida do representante de Deus na terra, à boa maneira do velho jacobinismo naturalista e do positivismo ateu. O catolaico de serviço, o Professor Pureza, bem o aconselhou a só invocar a capela do Rato, para que o milagre trotskista da multiplicação dos votos se tornasse viável...

Mas os resistentes da capela do Rato talvez não mereçam este palavreado de intolerância, porque foi contra isto mesmo que eles se revoltaram...

Na falta de campeonato e de ligas, os directos da Covilhã usam e abusam do esquema futeboleiro. Para que se justifiquem os investimentos mediáticos, os órgãos de comunicação e os repórteres especializados criam artificialmente necessidades para o não-zapping, antes da abertura da época da caça grossa na África Austral...

Apenas recordo que em 2004, a final do europeu, neste cantinho ocidental dos estádios promovidos por Carlos Cruz, Sócrates e Madail, foi entre a Grécia e Portugal. Havia bons profissionais da comunicação, bons políticos profissionais e bons ex-políticos profissionais nesse bloco central dos elefantes brancos que nos endividaram em trombas...

Tenho saudades de uma esquerda pluralista e socialista, herdeira do liberalismo político, do 25 de Abril que resistiu com o 25 de Novembro, dessa que devia libertar o PS destes fardos de ausentes-presentes e de presentes-ausentes, até porque o partido não existe para a literatura de justificação de Soares por causa de candidaturas presidenciais desencadeadas pelo Bloco de Esquerda, a não ser que tudo seja um esquema visando o apoio à recandidatura de Cavaco...