a Sobre o tempo que passa: O fim dos grandes e dos micropartidos. Ficam todos PMEs e nenhum é do boavista, jogando no olhanense

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

11.9.09

O fim dos grandes e dos micropartidos. Ficam todos PMEs e nenhum é do boavista, jogando no olhanense


Finalmente, a medição da opinião por mais uma sondagem. Dá esperança a todos, ao centrão dos ditos grandes, que estão quase empatados, e aos pequeninos, que passam a médios. O PS sonha estancar a aquilo que pensa ser a saída para o Bloco, com o CDS a penetrar naquilo que o PSD pensava ser o bastião inamovível do cavaquistão, quando a crescida do Bloco e de Portas talvez tenha mais a ver com novos eleitores, que não estão para aturar o senhor engenheiro e a senhora directora-geral. Provavelmente, ficaremos sem grandes partidos e sem micro-partidos, serão todos PMEs, com engenharia de subsidiocracia nas multinacionais partidárias da Europa do mais além.


Os grandes tiveram gula demais. Pensaram ser a revolução institucional da solução mexicana, a europa connosco, o betão para os patos bravos, o magalhães p'ró Chavéz, o presidente connosco, etc... Mas a crise fez de todos eles uma cordilheia de PMPs, com direito a essa reserva do património cultural da humanidade que são as secções museológicas da disputa entre os ex-estalinistas e os ex-trotskistas, depois de até exportarmos para Bruxelas um m.l., da secção Cralucci.


Museológicos são também os nossos grandes educadores do proletariado intelectual, como esses ausentes-presentes que já fizeram setenta anos há década e meia, com um a dizer que Robespierre é um liberal norte-americano do centro-esquerda, num sítio onde a revolução foi sempre evitada, e outro a jogar retórica e dialéctica em distintas associações de velhos-colonos, entendidas como militância de conspiração de avós e netos, entre técnicos de reprografia, motoristas de mercedes pretos e ministeriáveis feitos do mesmo preto pau.


Felizmente, há 20% de indecisos, esse novo D. Sebastião destes tempos que se anunciam de encruzilhada e Manuel Alegre promete ir a terreno, para apoiar Seguro, Maria de Belém e Alberto Martins. Até Jorge Sampaio foi assistir a uma das palancadas de Sócrates, enquanto Alberto João Jardim se vai rebolando de gozo com a instabilidade que introduziu nos cubanos do "contenente", porque o que ele quer é uma revisão da constituição e a lei de santos cabral, para o regresso do Léo Taxil.


Claro que a Drª Manela, quando deixou de ser directora geral, ironizando, foi sublime, malhando na Judite, subdirectora, sobre o Marcelo poder ter como rival uma nova emissora de homilias na RTP, a Moura Guedes. A líder do PSD, se estagiar mais com Pacheco, até pode tirar o colar e, fazendo o milagre contra os rosas, atirar as pérolas a mais gente que o bem merece. Solte-se e ria, até de si própria...


Sócrates sorriu para os seus botões e, se fosse como o Mitterrand e o Soares, transformava o Portas em inimigo principal, porque este é que o pode levar a vencer Manela, em termos de eventual maioria absolutamente relativa, esperando, como o Carlos Queirós, uma qualificação para o campeonato, graças às derrotas dos outros...


Porque ontem, Portas, ao correr para os 800 metros deixou a maratonista no tapete das tartes e dos 150 gramas de fiambre, nem mais, nem menos. Quis ir aos "clusters": aposentados que trabalharam toda a vida, jovens, desempregados. E talvez neste confronto tenha chegado aos 10%. Manela, em cima da maioria absoluta na Madeira, não teve garra de ganhadora. Disse querer tirar Sócrates de PM e apenas mais votos do que ele. Não houve caldos de galinha, mas política contra tecnocracia, a qual, até em matéria financeira, ficou em defensiva.