a Sobre o tempo que passa: A noção de Estado Exíguo não depende do tamanho. Depende da vontade.

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

28.11.07

A noção de Estado Exíguo não depende do tamanho. Depende da vontade.



Saiu mais um relatório do PNUD. Dizia, aqui, em 2005: a Eslovénia já passou à nossa frente. Mas ainda estamos em 27º lugar. Acrescento, hoje, que também já fomos ultrapassados por Chipre. Continuo a notar que muitos, mais de metade dos que estão nos vinte primeiros lugares, fazem parte dos que não escolheram a forma republicana de chefia de Estado.

Aliás, acima de nós, estão cerca de quinze Estados mais pequenos, em termos de dois elementos da massa crítica (população e território). Também mais de uma dezena de entidades políticas que estão acima de nós se integram no bloco que optou por modelos de descentralização, regionalização ou federação.

A maioria absoluta dos que nos superam tem tido governações que não obedecem ao gnosticismo socialista e social-democrata, demonstrando como as chamadas direitas e as chamadas esquerdas, mais liberais e mais conservadoras do que deve ser, incluindo estruturas ainda medievais, em termos constitucionais, têm produzido melhores resultados em termos de desenvolvimento humano, com mais justiça e mais felicidade. De boas intenções discursivas, está o inferno progressista cheio...

Continua a não ser por acaso que a maioria dos últimos colocados na classificação do PNUD passou por experiências de partido único, de autoritarismo e de totalitarismo, muitos dos quais muito à esquerda, muito socialistas e muito estatistas, vivendo as amarguras pós-autoritárias e pós-totalitárias, em cleptocracia, bandocracia e senhores da guerra. Não será a altura de alguns "gurus" mudarem o discurso, pondo os pés na realidade?

Por esta e por outras é que me apetece sorrir com algumas das minhas provocações iberistas, onde tento repetir gestos de Antero de Quental e Pi y Margal, rejeitando os modelos de Francisco Franco e de Olivares, mas correndo o risco de poder ser processado como traidor ao Estado a que chegámos e de não ser do agrado dos agentes do actual Estado Espanhol. Como se fosse tolo não refazermos, em aliança, as várias identidades patrióticas das Espanhas, principalmente olhando para os espaços maiores da União Europeia e do sonho ibero-americano, como me ensinaram um Gilberto Freyre ou um Agostinho da Silva. Por isso, vou reler Francisco Suárez, Fernando Pessoa e Ortega y Gasset, sem rejeitar até a imaginação criadora de José Saramago, com quem concordo nos pressupostos, mas não nas conclusões. Apesar de tudo, o Estado Espanhol, ainda está no 13º lugar da classificação PNUD.


A noção de Estado Exíguo não depende do tamanho. Depende da vontade.