a Sobre o tempo que passa: Em Barcelos, entre Andrea Mantegna e Terpsichore

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

29.8.07

Em Barcelos, entre Andrea Mantegna e Terpsichore


Depois de mais uma noite de insolente serenidade junto dos meus ascendentes e descendentes, com os pés assentes na terra dos meus mortos e os olhos postos nos sinais de sonho que estão depois da curva do caminho que devo percorrer, confirmei como não sou apenas a autonomia do "in-divisus" que resiste, mas também corrente de gerações, através da qual acontece o transcendente situado, na comunhão das coisas que se amam. Agradeço a esta rede, chamada blogosfera, a possibilidade de deparar com inesperados lugares que trilham a mesma esperança contra o bacanal dos ódios. Por isso, quando peregrinei a resposta da "odisseia de uma Lusitana Combatente, atravessando o Mar das Tormentas", pessoa que desconheço, apenas me apeteceu transcrever o locus, ou topos. Aqui o deixo, sem comentário. E com a mesma imagem de Andrea Mantegna.



Liberdade:


Porque me tornei rebelde:

A liberdade não é uma concessão do príncipe ou da revolução, é uma conquista do homem revoltado contra a servidão voluntária...

Mas servidão a quem, a quê?

Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: n’ayez pas peur, na servitude volontaire o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhe dá, um poder que vem da volonté de servir das multidões que ficam fascinadas e seduzidas por um só.

Mas essa fascinação e sedução, é a maior benção: O que tem é que tornar-se Fascinação e Sedução, pelo Eterno…

Aliás, todos os que se tornaram servidores do Eterno, foram radicalmente rebeldes. Rebeldes até contra si próprios. Rebeldes, contra a prisão do príncipe deste Mundo, que é acima de tudo o príncipe da Mentira.

Ele nunca funciona pelo mal visível. No entanto gastamos nosso tempo reagindo contra esses sintomas. Ele está sempre escondido. Ele nunca assusta, ele seduz. Ele não é pavoroso. Ele aparenta ser maravilhoso. Ele não é feio. Ele aparenta ser belo. Ele não afasta. Ele atrai a si os que estão perto de realizar algo especialmente Bom, criando situações de forma genial e complexa, para que esse Bem não possa acontecer. Ele sub-repticiamente cerca e enche de obstáculos o caminho que leva à Liberdade.

É por ele que o caminho para o Monte Abiegno é tão penoso, difícil e raro. É por ele que é preciso tanto Amor para que alguns lá possam chegar…