a Sobre o tempo que passa: Afinal, a imprensa também lê os blogues...No "Diário de Notícias" de hoje.

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

22.8.07

Afinal, a imprensa também lê os blogues...No "Diário de Notícias" de hoje.




FRANCISCO ALMEIDA LEITE

DIREITOS RESERVADOS (imagem)

Os arquivos do Centro de Estudos do Pensamento Político (CEPP), que pertence ao Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) foram literalmente apagados, sem que o seu coordenador e principal mentor saiba porquê.


Ao DN, José Adelino Maltez diz que os conteúdos que figuravam do portal do CEPP (http/www.iscsp.utl.pt/ceppp) desapareceram, depois de no ISCSP lhe terem dito que o site seria reformulado. "Houve um professor que foi encarregue de controlar os sites e o servidor", garante Maltez, acrescentando que o instituto que pertence à Universidade Técnica de Lisboa usa "contratados a recibo verde" no seu serviço de informática.O ataque àquele que é considerado o melhor arquivo de história política portuguesa contemporânea online - com mais de meio milhão de entradas desde a sua fundação no ano 2000, com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) - deverá motivar uma queixa no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP).


"Dou quinze dias para que haja uma responsabização para esta lisura dos serviços públicos que envolve domínios respeitados como "utl" [Universidade Técnica de Lisboa] e "pt", depois disso escrevo ao Procurador-Geral da República e vou ao DIAP. Não podemos estar à mercê de um Big Brother que resolve fazer delete a anos de trabalho", diz o catedrático do ISCSP.José Adelino Maltez sublinha que "a grave iliteracia informática que há ainda na universidade portuguesa, onde se confundem sites com blogues, está a prejudicar muitos no Brasil e em Angola, instituições de ensino que se baseavam nestas fontes para o seu trabalho".


Apesar de tudo isto, Maltez afasta responsabilidades do ISCSP: "Em nome de uma missão de verdade, continuarei, solitário. A cumprir o meu dever: disponibilizar as fichas de um projecto que já existia antes de haver CEPP e financiamento da FCT. Jamais voltarei a pedir esmola, dado que a dignidade individual de um professor catedrático não pode estar sujeita às torturas e tonturas de uma infra-burocracia. E mais não digo, porque o ISCSP é a minha escola. Maltez está agora a tentar refazer parte do arquivo (http/maltez.info/respublica//) à sua custa. O DN tentou ontem ouvir o ISCSP, mas sem sucesso.