a Sobre o tempo que passa: Alfacinhados, lá vamos, cantando e rindo...

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

18.5.07

Alfacinhados, lá vamos, cantando e rindo...

O Carmona desistiu. O Seara não veio. O Portas tirou da cartola o coelho do Guedes. O Monteiro vai à guerra. O Negrão prefere não voltar a ser polícia. Roseta insiste. Lisboa exulta. Eu votaria na candidatura do Professor Manuel Sérgio. Sempre poderíamos ir fazer ginástica pós-moderna no Terreiro do Paço.

Entretanto, o meu telemóvel não deixa de tocar com chamadas de um número anónimo. Se for de quem penso, isto é, do candidato que da última vez apoiei, direi não. Gosto mais do meu amigo José Miguel Júdice, mas não sei se votarei no colega de liceu do Manuel Monteiro, quando ambos militavam na JS. Tenho medo que ele convide, para director do gabinete de modernização administrativa da autarquia, a mesma personalidade que ele colocou como lançador do PRACE.

Como regionalista e velho liberal anti-absolutista, apenas concluo que o alvará de um partido confirma que vivemos em regime de igualdade de oportunidades para as candidaturas independentes, nesta bela animal farm, onde o Estado de Direito e a democracia mantêm os mecanismos criados pelo direito administrativo de Marcello Caetano e Diogo Freitas do Amaral. Por mim, gostaria mais de votar para um parlamento
regional de Lisboa, numa espécie de regresso ao velho senado, com pequenas autarquias, com a que elevou Alexandre Herculano a presidente da câmara de Belém, quando ainda se escreviam cartas aos eleitores de Sintra e não havia parques de estacionamento à moda do Minho, apesar de já não se andar de burro, para gáudio dos condutores de Ferrari.