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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

18.3.07

Palavras para quê? São todos artistas portugueses...

Camionetas cheias de pessoas de vários pontos do País deslocaram-se até Lisboa para encher o auditório do Centro de Congressos. Ministros sem gravata e militantes, de idade avançada, até pediam licença para entrar numa sala apinhada para ouvir o líder do PS, que ontem subiu ao palco do Fórum Novas Fronteiras para fazer um balanço de Governo (Correio da Manhã).

Mas alguém pensa que os problemas de Marques Mendes e Ribeiro e Castro resultam das suas fragilidades? Essas dificuldades derivam de termos um Governo PS que está a implementar políticas de Direita iguais às que seriam seguidas por PSD e CDS/PP. A frase de Jerónimo de Sousa, o secretário-geral do PCP acabado de se recuperar de um problema de saúde, arrancou gargalhadas numa já inflamada plateia no Cinema Batalha, no Porto, que acolhia as comemorações do 86.º aniversário do partido (JN).

Luís Filipe Menezes apresentou, anteontem à noite, a sua disponibilidade para se candidatar à liderança do PSD. Portas enfrenta Ribeiro e Castro no primeiro combate de boxe verbal, diante da plateia do Conselho Nacional em Óbidos.

Palavras para quê? São todos artistas portugueses, segurando a cadeira nos dentes, em encenados palanques, à procura de boas poses para o telejornal, neste agravado regime dos emplastros, onde só os saudosistas usam pasta medicinal Couto. Porque nenhum deles alguma vez foi apoiado por Pinto da Costa ou Valentim Loureiro. Porque nenhum deles foi à romaria que assinalou o regresso de Andreia Elizabete ao lar que ainda não conhecia.

Todos os emplastros são postiços neste regime de amostragem de dentaduras à Albarran e de corpos sujeitos a dietas de imagem, onde Santana Lopes podia estar a enfrentar Sócrates diante do Conselho Nacional do CDS e Ribeiro e Castro, a ser aplaudido por Matilde Sousa Franco no encontro das novas fronteiras dos democratas-cristãos do PS, no palácio dos congressos na FIL. Onde a romaria da Andreia podia ser os estados-gerais da esquerda, no ensaio de festa do "Avante", enquanto os sindicalistas do CDS promoviam um comício na Quinta Grande da Marinha, ouvindo o grande educador do proletariado, Diogo Freitas do Amaral, agora dirigente máximo do Círculo Católico Operário D. Manuel Gonçalves Cerejeira, depois de ter substituído José Hermano Saraiva, como comissário do concurso das sete maravilhas de Portugal, danado com a TVI por o ter saneado como defensor de Cunhal na definição dos nove maiores portugueses de sempre, depois dele.

Aliás, Lisboa vai, em Abril, palco de uma reunião de movimentos nacionalistas de toda a Europa. Ainda sem local marcado mas com a antiga Feira Popular como ponto de encontro, a Juventude Nacionalista vai trazer a Portugal oradores da Alemanha, Áustria, Bélgica, Espanha, França, Inglaterra, Itália, Roménia, Suíça e Suécia para partilhar opiniões e experiências de activismo político. Alberto João Jardim não será convidado, mas um conhecido hierarca socialista já foi sondado para o efeito por um seu aliado da frente universal anti-laica e anti-ateia para participar na bebedeira colectiva com que se encerrarão os trabalhos desses resistentes da defesa da civilização ocidental, onde os autênticos cavaleiros antiduartistas da associação secreta de São Miguel da Pala desfilarão, ao som do fado castiço, executado por deputados eleitos pelo PSD.