a Sobre o tempo que passa: Ser azul e branco, por Portugal contra os agentes da Santa Aliança

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

23.11.06

Ser azul e branco, por Portugal contra os agentes da Santa Aliança





Ontem, no Chiado, «com gosto» (bom) e «sem complexos», os «valores nacionais em comum» cruzaram-se, com Manuel Alegre a apresentar uma biografia de Dom Duarte, da autoria do meu amigo e companheiro de valores Mendo Castro Henriques. Porque há valores, segundo Alegre, «que não precisam de sondagens para saber se querem continuar a ser portugueses». Porque, segundo Alegre, "
são precisos patriotas que saibam renovar e afirmar a os valores permanentes de Portugal». Porque, segundo Dom Duarte, «os valores patrióticos não são um monopólio da Monarquia ou da República, da Esquerda ou da Direita». Porque, segundo Mendo, os portugueses têm que estar «preparados para as surpresas da História». «Os mesmos que nos vendiam o Fim da História impõem-nos agora o Choque de Civilizações».




Não estive na sala, mas estive sempre com a obra e com o gesto. Sempre detestei os jogos de Corte, mesmo quando as três pessoas que citei no parágrafo cimeiro me merecem os máximo de respeito e de solidariedade, em nome do patriotismo científico. Não me apetecia certos encontros com alguns conselheiros e cortesãos que por lá devem ter bailado na postura boba que os caracteriza. E como temi que o desejo de silêncio não conseguisse conter a força da revolta, preferi continuar o que sou: um azul e branco, tão azul e branco que continuaria a desembarcar no Mindelo, contra os agentes da Santa Aliança e os seguidores do partido do Ramalhão. Um grande abraço ao Mendo e ao sentido de saudades de futuro do Senhor Duque de Bragança.

É a hora dos seguidores de Guerra Junqueiro e de Teófilo Braga deixarem de olhar uns para os outros em disputas micropolíticas. O que está no centro das bandeiras é o símbolo da nossa comum religião secular . E um dos avôs do actual duque de Bragança é o tal rei que agonizou na mesma sala Dom Quixote do Palácio de Queluz onde nasceu. Abaixo a guerra civil que nos transformou em peões de Madrid, de Moscovo e de Viena, contra as jogadas de Londres e de Paris. Para que a honra da legitimidade volte a casar-se com a inteligência da liberdade, juntando a nação, da racionalidade valorativa, com o Estado, da racionalidade finalística. Continuo no partido de João da Regras, de Febo Moniz, de João Pinto Ribeiro e do Sinédrio. Contra os ministros do reino, por vontade estranha...