a Sobre o tempo que passa: Contra a ignorância, o fanatismo e a tirania!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

4.11.06

Contra a ignorância, o fanatismo e a tirania!


Passo os olhos pela imprensa semanal, neste dia que foi de São Expresso, e reparo que o Semanário Económico anuncia um estudo sobre o óbvio: os responsáveis pelo monstro são os que agora ditam sentenças para o esmagar. Chamam-se governações de Cavaco Silva e António Guterres, são o PSD e o PS, as duas faces da mesma moeda do Bloco Central, os tais incendiários que agora se assumem como candidatos a bombeiros.

Vale-nos que reúne hoje em Lisboa um partido que diz ser o único partido de direita em Portugal, conforme as declarações do seu número um, e onde o seu número dois avisou que propor a extinção do mesmo neste momento é um frete grátis descarado ao CDS e ao PSD. Não posso deontologicamente comentar.

Apenas tenho que dar razão ao Professor Paulo Ferreira da Cunha, aos jovens do Movimento Social Liberal, ao Carlos Abreu Amorim e a todos quantos, um dia, escreveram os papéis fundadores de uma tentativa que logo se perdeu nos vícios de vedetismo mediático do Largo do Caldas e dos encontros imediatos de segundo grau com os lobbies da direita dos interesses e do clericalismo. O monstro agradece. E eu repito o que aqui tenho proclamado: se a direita em Portugal voltar a ser Pedro Santana Lopes, Paulo Portas, Ferraz da Costa ou os dirigentes da entidade espiritual que marca o BCP, prefiro continuar a ser liberal.

Por isso, recordo o que o grão-mestre do liberalismo em Portugal, Fernando Pessoa, subscreveu nas vésperas da morte, em 30 de Março de 1935:

Ideologia política: Considera que o sistema monárquico seria o mais próprio para uma nação organicamente imperial como é Portugal. Considera, ao mesmo tempo, a Monarquia completamente inviável em Portugal. Por isso, a haver um plebiscito entre regimes, votaria, com pena, pela República. Conservador de estilo inglês, isto é, liberal dentro do conservadorismo, e absolutamente anti-reaccionário.

Posição patriótica: Partidário de um nacionalismo mítico, de onde seja abolida toda infiltração católico-romana, criando-se, se possível for, um sebastianismo novo, que a substitua espiritualmente, se é que no catolicismo português houve alguma vez espiritualidade. Nacionalista que se guia por este lema: "Tudo pela Humanidade; nada contra a Nação".

Posição social: Anticomunista e anti-socialista. O mais deduz-se do que vai dito acima.

Resumo de estas últimas considerações: Ter sempre na memória o mártir Jacques de Molay, Grão-mestre dos Templários, e combater, sempre e em toda a parte, os seus três assassinos - a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania.