a Sobre o tempo que passa: Acima do cavalo da diligência está o trâmuei, acima deste a locomotiva, e acima de tudo o progresso!

Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

28.10.06

Acima do cavalo da diligência está o trâmuei, acima deste a locomotiva, e acima de tudo o progresso!

Há cento e cinquenta anos, quando ainda não havia Maria Filomena Mónica nem Mariano Gago, tinha lugar a inauguração solene do caminho-de-ferro entre Lisboa (Santa Apolónia) e o Carregado, com o cardeal-patriarca de Lisboa a abençoar as carruagens.

Havia ecologistas progressistas que queriam conservar o que estava, gente que preferia continuar a andar de burro e muitos que já imaginavam ir desta para melhor. Nesse tempo já havia José Sócrates, como já havia Cavaco Silva.

Tal modelo de action man chamava-se, então, Fontes Pereira de Melo e, sobre as novas tecnologias da informação, declarava: Acima do cavalo da diligência está o trâmuei, acima deste a locomotiva, e acima de tudo o progresso! (discurso de 18 de Fevereiro de 1865 na Câmara dos Deputados).

O povo continuava a não existir. Só se concretizou quando deixou de ser patego a olhar o balão e tratou de ver passar os mesmos comboios de sempre, com algum atraso.