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Sobre o tempo que passa

Espremer, gota a gota, o escravo que mantemos escondido dentro de nós. Porque nós inventámos o Estado de Direito, para deixarmos de ter um dono, como dizia Plínio. Basta que não tenhamos medo, conforme o projecto de Étienne la Boétie: "n'ayez pas peur". Na "servitude volontaire" o grande ou pequeno tirano apenas têm o poder que se lhes dá...

31.12.04

Bascos, taizés, zitas e templários



Último dia do ano de 2004. Mais de 125.000 mortos, 5 milhões de deslocados ... Já é uma tragédia pior do que o lançamento do primeira bomba atómica. Como diz Kofi Anam, é uma catástrofe global que só pode ter uma resposta global. Como eu acrescento: o resto é caridadezinha...



Muito glocalmente, eis que também vêm novas do País Basco, com Juan José Ibarretxe a obter, ontem, o apoio da maioria do Parlamento basco - com a ajuda do partido Socialista Abertzaleak (ex-Batasuna, considerado o ramo político da ETA), para convocar um referendo do seu plano classificado por Madrid como sendo independentista. O líder do Partido Nacionalista Basco no poder declarou: Não estamos a propor um projecto de ruptura com Espanha... queremos uma situação de convivência amável com Espanha, de modo que Euskadi não seja parte subordinada do Estado espanhol. Esta proposta não oferece o punho, oferece a mão. Os catelhanistas do PP já consideraram estes direitistas nacionalistas como aliados da ETA, continuando assim uma demagógica campanha de terrorismo mental contra o terrorismo das bombas. Como independentista português, apoio naturalmente o PNB. Apoio especialmente a luta pela independência política nos quadros do pluralismo democrático, nas vias do Estado de Direito e no grande enquadramento europeísta. Quando é que se cria o necessário Movimento de Libertação de Castela, para prosseguirmos, de forma iberista, a portugalização das Espanhas?



Já em Lisboa, continuam as serenas palavras do Irmão Roger para todos os homens de boa vontade: o que significa amar? Será ter uma infinita bondade de coração, chegar a esquecermo-nos de nós próprios pelos outros? Sim, é mesmo isso. Mais ainda: amar, é perdoar. E perdoar faz brotar uma primavera da alma. Aí encontramos uma das fontes da alegria. Torna-se então possível olhar para o outro com esperança. E podemos discernir no outro rastos de luz, sem perdermos tempo com as sombras.


Quando perdoamos podemos encontrar resistências em nós. Não nos é muito fácil viver esta pura realidade do Evangelho. Será que iremos até ao nosso último fôlego para perdoar, quando nos magoaram, por vezes humilhando-nos? Poderá acontecer que o nosso perdão não seja aceite. O Evangelho não permite hesitações, convida a uma bondade que não está à espera de compreensão. Convida a perdoar sempre de novo. Sim, quando o amor em nós é antes de mais perdão, o coração, mesmo posto à prova, pode voltar a viver.



E na politiqueirice lusitana, eis que os principais partidos continuam a lançar candidatos a conta-gôtas, com destaque para o círculo de Coimbra, onde, para além do PSD lançar a ex-comunista Zita Seabra contra a candidatura socialista da viúva do antigo secretário-geral do PSD, aparece agora a líder do PP, Sónia Mendes, a insinuar o nome de Nobre Guedes, um homem íntegro, talvez por não querer incinerar Souselas. De facto, sempre fomos todos ecologistas, principalmente diante das areias perdidas do Basófias....

Teresa Almeida Garrett recusou encabeçar a lista social-democrata pelo círculo de Coimbra, segundo apurou o JN de 1 de Janeiro. A indisponibilidade manifestada pela antiga eurodeputada, viúva de Francisco Lucas Pires, ex-líder do CDS, obrigou o PSD a optar por Zita Seabra para preencher o lugar. Não consta que tenha sido contactada Fernanda Mota Pinto. O Bloco Central dos pêsames irmana-se. Não sabemos se Zita foi escolhida por ser uma das antigas viúvas de Vladimir Ilitch Ulianov, falecido em 1989, dado que, por idêntica viuvez, também parece emergir Pina Moura, o socrático e mui eléctrico cabeça de lista pela Guarda.

É por isso que acho bem mais excitante a notícia esotérica de A Capital que descobriu a misteriosa entrada no coração da serra de Sintra, com 40 metros de túnel podem ser o início da velha rede de túneis construída por mouros e templários. Ao que consta, o meu amigo Fernando Seara já recebeu inúmeras propostas de perfuração, desde os petrolíferos sauditas, em disputa com os Bin Laden, aos neo-templários monárquicos, em concorrência com os da velha ordem maçónica.